quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

REPÓRTERES SEM ESCRÚPULOS

VÁRIAS NO DEDO, BEM POUCAS NA FERRADURA
                                                         Flávio Prieto
    Bastante discutido, o relatório da ONG “Repórteres Sem Fronteiras” a respeito da questão da liberdade de imprensa no Brasil incorre em muitas falácias. Partindo de uma única premissa correta, a de que a associação entre poder político e propriedade de meios de comunicação pode ser um fato negativo e indesejável em uma democracia, ou do fato de que, em pouquíssimos casos, há ordens judiciais para suspender algum matéria sobre algum personagem político, resolvem traçar um diagnóstico altamente negativo e parcial da situação dos meios de comunicação no Brasil e tecer comentários inadequados e recomendações ocas.
    Vamos a eles: a questão da concentração da mídia nas mãos de pouco mais de dez famílias é citada ‘en passant’ e bem pouco discutida. O fato de que essa mídia é subvencionada, especialmente, por anúncios pagos por grandes empresas também não é analisado devidamente, restando críticas apenas à propaganda oficial obrigatória (princípio da publicidade dos atos governamentais), paga e publicada por governos nesses veículos. O ideal seria, então, uma vez que se trata de concessões, que tal propaganda fosse gratuita – mas, assim mesmo, ela representa uma parcela infinitamente inferior à que tais meios, principalmente os televisivos, recebem da iniciativa privada, que também tem interesses privados a serem defendidos por esses mesmos veículos. Mas tudo isso, logicamente, é deixado de lado sem a menor cerimônia, na tentativa de imporem críticas apenas à classe política e aos governos de turno.
     O relatório aponta ainda em suas conclusões o fato de que em um ano 5 jornalistas morreram e 2 decidiram deixar o país por se sentirem pressionados psicologicamente como a clara evidência de que a violência contra jornalistas no Brasil é grave, e nos coloca em 5º lugar como ‘país mais violento’. Não se analisa profundamente como morreram, em um país com quase duzentos milhões de habitantes onde, logicamente, também morrem médicos, padeiros, pedreiros, por causas ligadas ou não à violência e ligadas diretamente ou não a suas atividades profissionais.
   A partir de uma única ‘fact-finding visit’ realizada em prazo bastante exíguo (novembro de 2012), pretendem realizar um tratado sobre o país, seus problemas e soluções. E para espanto nosso, eles, que tanto falam sobre liberdade de imprensa, afirmam que estaríamos ansiosos por um ‘marco civil’ para regular justamente a Internet, curto espaço onde ainda temos alguma liberdade e pluralidade de fato. Criticam a lei eleitoral por proibir propaganda não autorizada e fora de horários e parâmetros estabelecidos para todos os partidos, como se fosse uma coisa negativa em si, mas se calam com relação ao poder econômico de grupos políticos que conseguem burlar essa lei e fazer propaganda indireta, de modo irregular, em vários grandes veículos, inclusive de maneira ofensiva.
    Para dar uma pinta de que estão do lado do mais fraco, falam sobre a proibição das rádios-piratas, mas ficam só nisso. De resto, querem a Internet controlada e não se pronunciam sobre o principal problema que é o oligopólio dos meios em mãos de empresas ligadas ao grande capital. E como 'golpe de mestre', nos colocam na 99ª posição em um ranking de ‘liberdade de imprensa’, jogando-nos uma pecha indevida de autoritários, quando na realidade sabemos que esse ranking é tão arbitrário quanto suas conclusões e propostas. Até mesmo a comparação com a Itália, na capa do relatório, é simplória e idiota:
“Brasil, o país dos 30 Berlusconis”. (junto à surrada foto de uma ‘cara-pintada’)
   Se é assim, somos mais democráticos que a Itália, pois em vez de termos um único Berlusconi, temos 30, o que indica um pouco mais de pluralidade ... mas surpreendentemente, estamos classificados em posição bem pior que esse país no ranking! E na lista de rostos, no site da ONG, apontando quem seriam os maiores vilões da liberdade de imprensa, figuram os ‘inimigos de sempre’ da mídia mundial capitalista: China, Irã, Síria, Rússia, Bielorrúsia, Palestina (Hamas e Autoridade Palestina), Honduras, Vietnam, Cuba, Zimbawe ...
   Deveriam mudar sua sigla para RSE:  Repórteres Sem Escrúpulos.

2 comentários:

  1. Mais um valoroso membro do PIG Internacional, junto com o The Economist, Financial Times e El País. Quem ganhará o Troféu Suíno 2013???

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  2. Les atacan a los mismos de siempre: Ahmadinejad, Asad, Chávez, Correa, Hamas, Castro ...

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